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Monday
Jun122023

Bauhaus - uma grande história

Maria Teresa Santoro Dörrenberg 

Exemplar único, série, protótipo, remake, original, cópia, produção, reprodução: é a Bauhaus.
Você sabe o que é a Bauhaus? Você gosta do design e da produção Bauhaus?
Mas você conhece a história dela?

Prédio da Bauhaus em Dessau, Alemanha. Arquieto: Walter Gropius 1925/6. (Foto: Christoph Petras, 2011)


Eu vou te contar como foi a minha experiência da Bauhaus. 

Em 2011 eu estava escrevendo a ficção “Corpo Estranho” sobre um ciborgue que quer se conhecer e por isso viaja pela história da arte e das mídias. 

Em um capítulo da história o ciborgue visita Dessau, onde a escola Bauhaus funcionou de 1919 até 1933. 

Na época eu morava em Colônia e fiz um bate-volta a Dessau, ficando mais de 10 horas dentro de um trem. Era inverno e a paisagem seca de vegetação e bem fria não era muito animadora.  

Interior do prédio da Bauhaus, em Dessau, Alemanha (Foto: arquivo Maria Teresa Santoro)

Aproximando-me do prédio, arquitetura de Walter Gropius que foi também seu primeiro diretor, pude avaliar como as pessoas de 1926 ficaram surpresas com a construção que eu via. Toda aquela sua moderna arquitetura foi pensada na função que desempenharia. A porta vermelha com o nome em branco acima impressiona. A fachada envidraçada da escola; estruturas de aço aparente; uso das cores nas paredes com linguagem ou orientação visual em todos os andares. Além de identificar os andares dos prédios, as cores internas ajudam a ampliar ambientes, escurecê-los ou refletir a luz; cabos suspensos com pequenas lâmpadas dispostas assimetricamente na direção do anfiteatro; o teatro de Oscar Schlemmer, o teatro total, com bastidor retrátil que permite que o espetáculo seja apreciado de todos os ângulos. Detalhes funcionais das portas, das janelas etc. geraram em mim um forte impacto. 

"Balé Triádico" de Oskar Schlemmer (Foto: Reprodução)

Atrás do teatro há uma cantina e atrás da cantina fica o prédio dos estudantes. Uma arquitetura tão diferente do contexto e daquele início de século 20! Fico imaginando a discussão que essa construção provocou na época.

Interior do prédio da Bauhaus, em Dessau, Alemanha (Foto: Maria Teresa Santoro)

Ando pelos corredores, subo escadas e descubro uma visita guiada em andamento. Aproximo-me e me inteiro de que o guia está começando e peço para participar. Ele é um aluno da escola que agora funciona para pesquisa, aprendizado, design, exposição e concerto.

A Bauhaus foi uma escola de arte e design que tinha como conceitos básicos as formas - quadrado, triângulo e círculo - e as cores - vermelho, amarelo e azul. E foi imune a detalhes, centrada na funcionalidade e reprodutibilidade da produção. Seu objetivo foi a criação de protótipos para a manufatura industrial.

Fachada Bauhaus (Foto: Reprodução)

Apesar de ter sido uma pequena escola, ela marcou a entrada da modernidade na vida do cidadão. Antiacadêmica, funcionava sob dois pilares: o ensino com os professores e a prática com os mestres artesãos nas oficinas. Um trabalho conjunto com atividades avantgarde.

(Foto: Reprodução)

14 anos depois de seu início, em 1933, o nazismo fechou a escola e seus alunos e mestres espalharam-se pelo mundo. Se a guerra matou a escola, não conseguiu matar sua alma e seu conceito de aprendizado, do exercício de experimentação mesclado ao jogo livre da fantasia. Resolvendo questões e trabalhando em conjunto, mestres, artesãos e alunos criaram e desenvolveram objetos do cotidiano, brinquedos e jogos. Eles criaram o estilo Bauhaus, inovaram móveis, objetos, moda, dança, tipografia, arte, tapeçaria e arquitetura, dentro de uma sociedade aberta e democrática, múltipla e internacional. 


"Escadas Bauhaus" de Oskar Schlemme (Foto: Reprodução)

Quando se fala em Bauhaus pensa-se num conceito e num estilo próprio. No início do século 20 o objetivo foi projetar peças, objetos e outros artefatos e bens com materiais simples, baratos e fáceis de serem encontrados, tornando o produto acessível a uma classe social de pessoas que anteriormente não podia tê-los, ou seja, a ideia da produção em massa. Em outras palavras: um armário que era anteriormente construído pelo artesão e, portanto, tinha que ser encomendado, demorava para ser fabricado e custava caro, com o projeto da escola Bauhaus, passou a ser desenvolvido em série pela indústria, tornou-se barato e acessível ao cidadão assalariado.

"Gato e Pássaro" de Paul Klee (Foto: Reprodução)

Hoje, no mundo pós-moderno e capitalista, verifica-se mudanças na qualidade dos materiais utilizados, visando maior barateamento do produto e de sua acessibilidade. Tok Stok no Brasil, Ikea na Europa são exemplos. Escritórios e casas são mobiliados com sofás e poltronas projetados por Marcel Breuer, agora equipados com couro sintético e que se adequam perfeitamente ao projeto inicial. E o projeto original de Breuer, em couro e atualmente caro, acaba sendo comercializado em sofisticadas lojas de móveis e decoração.

(Foto: Ralf Hirschberger)

De Dessau em 2011 à Berlinischen Galerie de 2019 passaram-se anos, mas essa nova viagem pela Bauhaus foi muito interessante e produtiva, visitando a exposição comemorativa dos 100 anos da escola Bauhaus. Se você quiser saber como foi a exposição,  leia o artigo original "bauhaus: a história por trás do objeto”. Esse mega evento reuniu obras de museus, de galerias e de proprietários privados nacionais e internacionais num espaço de 1.200 metros quadrados do andar térreo da galeria durante mais de 3 meses. Pense na palavra original e seus sentidos. Acertou! Tudo foi muito original: a Bauhaus, a forma de apresentar a exposição, a participação do visitante e as propostas que aconteceram durante a exposição.

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